Como é o Consulado-Geral de Portugal em Macau
Nem parece de Portugal
No Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, que é considerado território português, os seus funcionários falam mais cantonês que português. Alguns falam mal, ou não sabem sequer falar a língua oficial do país que aquele Consulado-Geral representa. Isto para que os chineses de cidadania portuguesa que não falam português possam usar os serviços essenciais como tirar um passaporte português ou o cartão de cidadão.
Enquanto isso, o governo do Canadá decidiu cancelar vistos de investimento, semelhantes aos vistos dourados portugueses, porque, além dos seus beneficiários não passarem tempo no Canadá nem pagarem lá impostos, não terem interesse na cultura canadiana nem sequer falarem uma das línguas do Canadá.
There is also little evidence that immigrant investors as a class are maintaining ties to Canada or making a positive economic contribution to the country. — Relatório Economic Action Plan 2014 do Governo do Canadá.
Enquanto isso, em Macau:
É melhor ter um passaporte português do que chinês, mas não me parece que eu tenha de aprender português ou saber mais sobre o país só porque tenho um passaporte de lá. — Virgínia Leung
“Dá jeito para viajar”. Ter um passaporte português resume-se a isso para 12 jovens chineses nascidos em Macau que o Hoje Macau entrevistou. Não sabem apontar Portugal no mapa, não fazem ideia quem é o presidente do país e nem sequer souberam precisar o porquê de terem um documento de viagem português — e a nacionalidade portuguesa — no bolso. E há mais. As famosas “egg tarts” [pastéis de nata] foram uma invenção local, a soberania lusa no território durou “mais ou menos” 20 anos e o português é uma língua oficial porque o inglês não podia ser — para “não ser igual a Hong Kong” — in jornal Hoje Macau (vale a pena ler o artigo na sua totalidade)
É normal as embaixadas e consulados terem funcionários de cortesia que falem a língua do país de acolhimento para que possam tirar vistos de turismo ou outros. Mas funcionários que tratem de assuntos do Estado, falam a língua oficial do Estado.
Os funcionários que tratam de documentos e serviços de cidadãos portugueses devem falar a língua portuguesa, e não outra, e aqueles cidadãos portugueses que não a dominem deverão fazer-se acompanhar de representante legal ou pessoa de confiança que possa interpretar a sua comunicação com o Estado português.
Para terem a noção da escala, quando fui tratar do meu próprio cartão de cidadão, o funcionário que chamava o número de senhas estava a gritá-las em cantonês. Sem saber cantonês, um português no Consulado-Geral de Portugal em Macau não sabe quando é a sua vez. A minha senha era o número sap sam.